quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ENCONTRO COM A ESCRITORA ANA MELO

Está acontecendo agora o encontro dos alunos de III Ciclo e de B30 com a escritora Ana Mello no Circo Cultural da Escola.  Eles leram seus livros, realizaram trabalhos. Seus livros estão à venda na Feira do Livro da Escola que vem acontecendo desde sábado passado e encerra dia 1º de setembro.
Alguns crônicas da escritora foram distribuidos pela biblioteca da Escola para os professores do III Ciclo trabalharem com seus alunos com a seguinte comunicação:

Colegas

Em nosso Pare e Leia! de agosto, conheceremos mais um tipo de texto da escritora Ana Mello, que virá na Feira do Livro, no dia 30 de agosto, pela manhã, encontrar com alunos e professores. Além dos minicontos, poesias, poetrix, ela  escreve crônicas no site: http://sortimentos.com
Cada turma receberá 3 textos que poderão ser lidos e trocados entre os alunos.

Boas leituras!

Por Ana Mello

Recebi uma propaganda bem legal da editora Artes & Ofícios dizendo que hoje não é dia de azar, mas de ler um bom livro. Sempre é dia de ler um bom livro, porém a estampa de um gato preto na propaganda me inspirou. O primeiro autor que lembrei foi Edgar Allan Poe e o meu conto preferido – O Gato Preto. Depois lembrei do Horácio Quiroga e de muitos outros que eu adoro. Conheço um livro que reúne os 100 melhores contos de crime e mistério da literatura universal, é organizado pelo Flávio Moreira da Costa e pode ser lido quase na íntegra no Google Livros.

Na introdução do livro Flávio afirma que o verbo matar é mais conjugado com suas nefastas consequências do que o verbo conviver e o verbo amar. Será?
Julgue você mesmo e nada melhor para decidir do que lendo alguns desses crimes literários. Pensando no meu conto favorito recordei que tive muitos gatos pretos na infância, acho até que eu era menina bruxa. Não tinha medo de histórias de mistério e nem sonhava com o que os adultos inventavam. E olha que naquela época os adultos adoravam meter medo nas crianças. Existiam muitas lendas urbanas, como o homem do saco que carregava as crianças que saiam desacompanhadas de adultos e dos ciganos que roubavam as que brincavam sozinhas nos quintais. Isso só causava insegurança nos pequenos que corriam até do Papai Noel.
Felizmente hoje isso está superado e os pais adoram ler para os filhos, ainda mais agora, julho, férias, frio e sexta-feira 13. Que bom programa não sai hoje à noite! Podemos reunir os amigos para um lanchinho e cada um trás um conto de mistério. Para os pequenos pode ser livros com textos menores. Dá para investir na decoração ou simplesmente trazer lanternas e apagar a luz, focando só no leitor. O que não precisa acontecer só na sexta 13, pode acontecer qualquer dia, ainda mais agora nas férias que as crianças podem dormir mais tarde. Estou adorando a ideia.
Aprecio muito também os sortilégios, de brincadeira, fique bem claro. Quando a bruxa enfeitiçou a Bela Adormecida com a maldição da roca, que é aquela haste afiada no tear, achei muito sinistro e adorei também a maçã envenenada da Branca de Neve. Sempre gostei dos personagens maus. A explicação que encontrei mais tarde foi que era uma forma de vencer o medo enfrentando e também de poder praticar algo que eu jamais teria coragem na vida real. É assim até hoje, só na ficção.
Por via das dúvidas não passo embaixo de escadas. Quanto aos gatos, adoro, não mais os pretos nem os machos, gosto de gatas siamesas com seus lindos olhos azuis.
E você, tem alguma maldade para hoje?

Dia do amigo, e daí?
 Ana Mello


Recebi centenas (sou exagerada!) de mensagens lindas felicitando pelo dia do amigo e uma dizendo que isso era puramente comercial, que é bobagem, pois nas redes sociais ninguém é amigo de verdade, que isso tudo é cretinice.

Nossa! Mas tem gente estraga prazeres! Qual é o problema de se ter um dia para cultivar a amizade, espalhar mensagens positivas? Isso não me incomoda nada, mesmo que eu saiba que muitas pessoas na rede querem mesmo é se exibir
com um número imenso de amigos dos amigos dos amigos cadastrados como seu.
Mas diz o ditado que amigos dos meus amigos, meus amigos são, então deve ser isso mesmo.

A questão da amizade é complexa para algumas pessoas porque são muito rígidas nos critérios de escolha e também porque não perdoam nada do amigo.
Ele não pode gostar de mais ninguém da mesma forma, não pode dar prioridade a outros nem negar nenhum pedido. Deve concordar com tudo, estar sempre disponível, ser o melhor amigo, só dele. Quase como em um relacionamento amoroso ele quer exclusividade e fidelidade absoluta.

Só que amizade é um amor diferente. Um amor de irmão, que quer ver o outro progredir, se relacionar, ter uma vida independente. É um relacionamento de crítica delicada, de sugestões carinhosas, de sinceridade absoluta quando o momento exige urgência.
Amizade é mais livre, porque não tem compromisso assinado em cartório nem paga pensão quando termina e pode recomeçar a qualquer momento dependo apenas de uma conversa e de um acordo de sentimento e emoção. É bom ter muitos amigos.
Os amigos do prédio.
Os amigos da rua onde moramos.
Da faculdade.
Do trabalho.
Da internet.
Quem é mais ou menos amigo?
Para ser amigo
Não é preciso ter vocação.



Música, educação e livros
por Ana Mello


Adoro ouvir música. Quem não gosta? E dessa forma, como muitas pessoas, tenho músicas gravadas que marcaram época na minha vida. Muitas delas eu até já esqueci, mas basta ouvir um pedacinho e já me lembro de toda a letra. Algumas amigas escolheram com carinho as canções que tocaram nas suas cerimônias de casamento e conheço muito gente, de todas as idades, que tem uma música do casal. A nossa música, como costumamos dizer. Cada um com suas referências, seus cantores prediletos e momentos para ouvir.


Nos finais de semana meus vizinhos ouvem suas melodias preferidas. Sei por que é inevitável não compartilhar com eles, apartamentos têm dessas coisas, podemos ouvir, mesmo sem querer o que acontece ali do outro lado da parede. Posso ouvir vários ritmos em um único apartamento,que casualmente é o meu. Na sala ouço pagode do vizinho do apartamento de cima, que também adora cantar e na cozinha MPB, da vizinha dos fundos. Posso fugir para o quarto, eu sei. Mas convivência é isso mesmo, perfeição não existe. 

Não sei o que é pior, ouvir música alta ou permanecer o tempo todo com fones no ouvido, alienado, sem interagir com ninguém. Há os que fazem as duas coisas, muito comum nos ônibus. Colocam fones de ouvido, mas com música tão alta que podemos ouvir do lado sem problemas. Neste momento, outro indignado, resolve ouvir música no celular, sem fones, como se fosse um rádio. Os incomodados que se retirem.
Por isso aprovo a campanha que já vi emm uitos ônibus com cartazes pedindo que os passageiros não se tornem DJs dos companheiros de viagem. Não adianta, eles não ouvem e não. Já tentei várias táticas, pedi para baixar o volume, olhei indignada, busquei adeptos nos outros passageiros e o simpático apenas atende ao pedido naquele instante, logo em seguida retorna a sua cômoda e incomodativa musiquinha. O que não tem remédio, remediado está já dizia minha vó. Por enquanto vamos torcendo para que a boa educação volte a habitar os corpos dos nossos companheiros de viagem. Entenda-se viagem como a própria vida.

Para uma boa educação, precisamos de livros e faz um bom tempo que procuro um dicionário de sinônimos. Esta semana participei de um fórum bem próximo de uma livraria maravilhosa e ousei perguntar ao atendente se havia na loja tal dicionário. Ele trouxe dois e optei pelo Houaiss. De peso para carregar e de peso no conteúdo, 20.2781 verbetes com mais de 203.000 sinônimos e cerca de 96.000 antônimos, é o que diz na contracapa. Gostei muito do que já degustei,
gosto de palavras e gosto de pesquisar quando estou escrevendo, substituir, experimentar, da mesma forma quando estou na cozinha preparando uma receita nova. Se trocar um tempero ou um ingrediente, a receita transforma-se em um novo prato, com outro sabor, outro ponto marcante. Exatamente como no texto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário